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A situação dos arquivos públicos em Angola é crítica

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A situação dos arquivos públicos em Angola é crítica e exige uma acção imediata e coordenada para evitar perdas irreparáveis de documentos essenciais. A digitalização e a implementação de protocolos de segurança robustos são, de facto, medidas urgentes e necessárias para proteger informações vitais para a administração pública e a governança do país. Abaixo, destaco alguns pontos-chave e recomendações adicionais que podem fortalecer ainda mais a proposta de modernização e proteção dos arquivos públicos em Angola:


1. Digitalização e Gestão Eletrônica de Documentos.

- Priorização de Documentos Críticos: Começar pela digitalização de documentos mais críticos, como registros fiscais, históricos de propriedade, documentos de identificação e registros civis.

- Interoperabilidade: Garantir que os sistemas de gestão documental sejam interoperáveis entre diferentes níveis de governo (municipal, provincial e nacional) para facilitar o acesso e a recuperação de informações.

- Padronização: Estabelecer padrões nacionais para a digitalização e indexação de documentos, garantindo que todos os arquivos sejam facilmente pesquisáveis e acessíveis.


2. Infraestrutura e Segurança Física.

- Armazenamento em Nuvem: Além de backups em servidores externos, considerar o uso de serviços de nuvem com data centers localizados em diferentes regiões geográficas para maior resiliência.

- Descentralização: Criar centros de armazenamento de documentos físicos e digitais em diferentes localidades para reduzir o risco de perda total em caso de desastres localizados.

- Monitoramento Contínuo: Implementar sistemas de monitoramento 24/7 em instalações de armazenamento físico, com alertas em tempo real para qualquer anomalia, como aumento de temperatura ou umidade.3. Capacitação e Conscientização.

- Treinamento de Funcionários: Oferecer treinamentos regulares para funcionários públicos sobre práticas de gestão documental, segurança digital e procedimentos de emergência.

- Campanhas de Conscientização: Realizar campanhas para conscientizar os cidadãos sobre a importância da preservação documental e como eles podem contribuir, por exemplo, ao solicitar cópias digitais de documentos importantes.


3. Tecnologias emergentes.

- Blockchain para Integridade de Dados: Utilizar blockchain para garantir a autenticidade e a integridade dos registros digitais, especialmente para documentos legais e fiscais.

- Inteligência Artificial (IA): Implementar sistemas de IA para ajudar na indexação, busca e recuperação de documentos digitais, além de detectar possíveis falhas ou vulnerabilidades nos sistemas de armazenamento.5. Parcerias e Cooperação Internacional.

- Cooperação Técnica: Estabelecer parcerias com países e organizações internacionais que possuem experiência em gestão documental e recuperação de desastres, como a UNESCO e o International Council on Archives (ICA).

-Acesso a Fundos e Recursos: Buscar financiamento internacional para projectos de digitalização e modernização de arquivos, por meio de organizações como o Banco Mundial ou agências de desenvolvimento.


4. Plano de Contingência e Recuperação de Desastres.

- Simulações e Testes: Realizar simulações regulares de desastres para testar a eficácia dos protocolos de emergência e a capacidade de recuperação dos sistemas.

- Equipes de Resposta Rápida: Criar equipes especializadas em recuperação de documentos danificados, treinadas em técnicas de conservação e restauração de documentos físicos e digitais.


A modernização dos sistemas de gestão documental em Angola não é apenas uma questão de segurança, mas também de eficiência administrativa e transparência governamental. A implementação de tecnologias digitais, aliada a protocolos de segurança física e capacitação de recursos humanos, pode transformar a maneira como os arquivos públicos são geridos, garantindo que informações essenciais estejam sempre disponíveis, independentemente de desastres naturais ou outros imprevistos. A urgência é clara, e a acção coordenada entre governos municipais, provinciais e nacionais, além de parcerias internacionais, será fundamental para garantir que Angola esteja preparada para proteger seu patrimônio documental e, consequentemente, seu futuro.

Por: Augusto Dias dos Santos

Arquivista

Lic. Ciências da Informação,



 
 
 

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