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AS CORRENTES INVISÍVEIS

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"REFLEXÕES SOBRE A PERSISTÊNCIA DA DESIGUALDADE E OS CAMINHOS PARA A JUSTIÇA SOCIAL"

A desigualdade, em suas múltiplas formas, atravessa a história da humanidade como uma corrente invisível, moldando relações sociais, econômicas e políticas. Embora o mundo tenha superado práticas explícitas como a escravidão, os resquícios dessas dinâmicas opressoras permanecem incrustados em nossas estruturas contemporâneas.

Neste texto, exploramos como as mentalidades e práticas herdadas do passado continuam a perpetuar disparidades nos ambientes de trabalho, nas relações de poder e na distribuição de recursos. Com base em reflexões sobre o contexto histórico e exemplos cotidianos, buscamos iluminar caminhos para romper essas correntes e construir uma sociedade mais justa e equitativa. A questão central que se impõe é: como podemos transformar as relações humanas para que sejam pautadas na dignidade e no respeito mútuo, deixando para trás o legado de exploração?

 

REFLEXÕES SOBRE A EXPLORAÇÃO HISTÓRICA E CONTEMPORÂNEA

As estruturas de poder e desigualdade que marcaram a escravatura ainda têm reflexos profundos nas relações humanas e sociais contemporâneas. Embora o sistema escravocrata tenha sido abolido há mais de um século, ele deixou um legado de práticas e mentalidades que perpetuam a exploração e as disparidades entre diferentes classes e grupos. Este artigo propõe uma análise crítica dessa realidade, destacando como as dinâmicas de opressão se renovam e como podemos trabalhar para superá-las.

UMA METÁFORA DA NATUREZA: OS PEIXES NO AQUÁRIO

Imagine um aquário onde peixes maiores, ao atingirem um certo estágio, começam a devorar os menores. É uma metáfora simples, mas contundente, para descrever como, em várias esferas da sociedade, os mais poderosos frequentemente exploram os mais vulneráveis. Tal comportamento não é apenas natural em aquários, mas tem sido uma constante nas relações humanas ao longo da história. A escravatura, por exemplo, prosperou não apenas por iniciativa dos colonizadores estrangeiros, mas também por colaborações internas, onde irmãos vendiam seus próprios aos opressores externos.

REFLEXOS HISTÓRICOS NO PRESENTE

Hoje, essas dinâmicas estão presentes em diversas formas. Nas empresas, especialmente nas estrangeiras que operam em países em desenvolvimento, vemos frequentemente trabalhadores locais em desvantagem. Os estrangeiros, mesmo em posições equivalentes, tendem a receber salários significativamente mais altos, além de melhores benefícios. Dentro das próprias organizações nacionais, as disparidades entre chefias e empregados de base são alarmantes. Um gestor pode receber um subsídio que equivale dez(10) vezes ou mais, o salário de um funcionário subalterno, criando um abismo de desigualdade.

Esse modelo lembra o "kwata kwata" da era escravocrata, em que a exploração era facilitada por aqueles que se beneficiavam do sistema. A abolição da escravatura não ocorreu porque as elites se conscientizaram do sofrimento humano, mas porque o sistema se tornou economicamente inviável. Esse fato histórico deveria nos levar a refletir: não podemos depender de sorte ou circunstâncias econômicas para que as injustiças sejam corrigidas. Precisamos de uma mudança de mentalidade, fundamentada na empatia e na humanidade.

DESIGUALDADE ECONÔMICA: UM EXEMPLO COTIDIANO

Considere a seguinte situação: um funcionário ganha o suficiente apenas para comprar um saco de arroz por mês, enquanto seu chefe, na mesma organização, pode comprar 20 sacos, além de frango, picanha e outros itens. Essa disparidade não é apenas econômica, mas moral e ética. Ela reforça uma estrutura que desvaloriza o trabalho do outro e mantém uma classe de trabalhadores presa em condições precárias.

Essa desigualdade, embora vista como "normal" em muitos contextos, é uma barreira ao desenvolvimento social e humano. Uma sociedade onde um pequeno grupo acumula riquezas enquanto a maioria luta pela subsistência é uma sociedade que perpetua os erros do passado.

O CAMINHO PARA A IGUALDADE

Para enfrentar essa realidade, é necessário que repensemos as estruturas de poder e as relações de trabalho. Algumas medidas que podem ser adotadas incluem:

1.     Revisão de políticas salariais: Reduzir as disparidades entre chefias e empregados, garantindo que todos recebam um salário digno e justo.

2.     Valorização da mão de obra local: Nas empresas estrangeiras, os trabalhadores locais devem receber tratamento equivalente ao de seus pares estrangeiros.

3.     Educação e conscientização: Promover debates sobre desigualdade e justiça social para mudar mentalidades herdadas do passado.

4.     Fortalecimento de políticas públicas: Implementar regulamentações que protejam os trabalhadores e incentivem práticas empresariais mais justas.

A CONSTRUÇÃO DE UMA HUMANIDADE COMUM

A solução para esses problemas exige que olhemos para a humanidade como um todo, reconhecendo que o bem-estar de cada indivíduo é interdependente. Uma sociedade verdadeiramente desenvolvida é aquela em que todos têm condições de viver com dignidade, sem que alguns sejam sacrificados para sustentar o luxo de outros.

O desafio que enfrentamos é gigantesco, mas não impossível. A mudança começa com uma reflexão profunda, como a que este texto propõe, e se materializa em acções colectivas. A desigualdade pode ser enfrentada, e a história nos mostra que os maiores avanços ocorrem quando lutamos pela justiça, não quando dependemos do acaso.

 

Augusto da Silva Dias dos Santos

Lic. Ciências da Informação

 
 
 

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